Anda difícil falar do momento atual do Vasco sem chover no molhado ou sem repetir o que diversos companheiros do Panorama e de outros sites e blogs (não bancados por grupos políticos) escrevem. Contudo, vou tentar falar sobre algo delicado, parecido com o que o Kiko disse aqui essa semana, mas que eu acho extremamente necessário reiterar: a postura da torcida.
Não é de hoje que nossa torcida se mostra extremamente instável. Participo há pouco tempo de alguns grupos de torcedores no whatsapp, tanto aqui de João Pessoa quanto de fora, e mais observo que interajo. Acompanhei a partir de mais da metade do carioca e a mudança de postura de lá pra cá é risível. Parece ter um quê de imaturidade… Mal sei a média de idade das pessoas que compõe os grupos, confesso; também tenho a consciência de que não dá pra tirar toda a torcida por uma amostragem tão pequena, mas o comportamento deles pouco se difere do que vejo em grandes grupos do facebook e da galera do twitter. Primeiro, enlouquecidos com o cariocão, jurando amor eterno ao Gigante, vislumbrando títulos por ora inalcançáveis, provocando rivais de maneira desrespeitosa; depois choramingando, xingando desde o roupeiro até o presidente, dizendo que a paciência acabou (após míseras 6 rodadas), que o Vasco não merece audiência, empalando verbalmente jogadores como Gilberto e Rafael Silva, idolatrados no fim do estadual.
Claro que os resultados recentes do time tiram a paciência de qualquer um. A maré ruim começou com azar, pois até nos apresentamos bem em algumas partidas, mas o ataque emperrou e nossa defesa – que era vedete – começou a bater cabeça. Agora, sinceramente, ando vendo jogares apáticos em campo, e isso eleva a irritação da gente à décima potência! Mas, porém, entretanto, todavia, contudo como eu disse semana passada, a torcida precisa urgentemente aprender a cobrar. Saber reclamar na hora certa e para as pessoas certas. Bem como precisa aprender que um título carioca (que fez muita falta nesses anos) não é a redenção da nossa história recente, nem um atestado de inocência e heroísmo do Eurico!!
Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Simples. Vamos aprender a isentar o clube das raivas e rancores que temos do presidente; vamos aprender a reconhecer quando este senhor acerta; vamos aprender que ele não é o senhor da razão; vamos aprender que não é porque ele disse “ponto” que é “ponto”. Tem gente que cega e tem gente que faz questão de ensurdecer quando o cara fala. Senso crítico não é vendido na farmácia, mas a gente pode trabalhar, basta se dispor.
O Vasco está acima do “doutor”. O Vasco está acima do momento ruim desse elenco irritante. O Vasco precisa da torcida como companheira, incentivadora, incendiadora do nosso caldeirão. Deixemos tanto mimimi pra outra hora, o campeonato tá só começando. Saibamos que não adianta cobrar do jogador limitado, é preciso mirar quem coloca ele lá.
Enquanto a torcida, que é maior e melhor patrimônio de qualquer instituição esportiva, não rever essa postura, não vai adiantar termos casa, história, camisa; o adversário sempre vai contar com uma arma que deveria ser nossa: o calor de São Januário.