Passados os festejos e as lamentações com o fim do Campeonato Brasileiro de Futebol, nenhum dos times do Rio tem motivos para fazer grandes churrascos e peladas beneficentes nestes eventos de dezembro. Todos pecaram e muito e não há o que comemorar, pois mesmo o melhor carioca colocado ficou na parte de baixo da tabela.
O Vasco pecou, como vem pecando desde o início deste século, com administrações arcaicas e voltadas como meras escadas para um retorno aos cargos públicos e, logicamente o troca troca de jogadores e técnicos que só beneficiaram a quem negocia. Caiu porque tinha que cair desde o começo do campeonato onde apenas ganharam pontos equivalentes a 4 vitórias em 19 jogos. Quem chega nesse fundo de poço nunca sobrevive e os anos anteriores mostraram isso e não tem Nenê, nem Martin Silva suficientes para ajudar.
O Botafogo teve sua glória ao retornar para série A. Foi no campo e mesmo sem a presença do Jefferson, cedido para a seleção por vários jogos, chegou lá. Mas não se iludam, pois quem caiu duas vezes e está com as contas no vermelho devido a um presidente que, conforme informações, limou as finanças do clube, deve ficar atento. Que a subida sirva de trampolim para novos sonhos, mas nunca para se acostumar com a mediocridade como o time da Colina.
O Fluminense também não ficou atrás. Os títulos nacionais conquistados nos últimos 15 anos não refletem a sua realidade. Ainda vive em função de um ou dois jogadores por temporada e não se estabilizou e nem manteve regularidade física dos jogadores. Fora a troca de técnicos, que quando não tinham boas intenções, careciam de atitudes mais contundentes para crescerem. Foram vítimas da pasmaceira que inunda o clube que também sofre com as más administrações, uma após a outra.
A Gávea também não tem o que comemorar. Nem o novo presidente e nem a verba televisiva infinitamente superior aos demais times do Brasileirão (igual apenas ao do campeão Corinthians, para sentirem a diferença) também sofrem do mal do jogador-que-faz-a-galera-inventar-musiquinhas, mas de rendimento abaixo do esperado ou em boas atuações pontuais. Hoje, com novo técnico anunciado, promete-se mais, mas sempre fica aquele ranço de gente boa que quando chega lá, resolve calçar as sandálias em vez das chuteiras e viver dos pagodes da vida.
Os times cariocas tem que aprender, e muito, com os modelos de gestão que existem no Sul e em Minas e São Paulo (e olha que são citados estes apenas para não ficarmos tão anos-luz dos times europeus). Ainda há muito feijão com arroz para ser consumido e tirar aquela imagem de 7×1 que ficou deste ano. Enquanto aqui se briga por onde ficar em um estádio de posse da iniciativa privada, lá se reforma ou se constrói um novo em folha e com o tal padrão FIFA. Mas não fica só nisso. As bases tem futuro e agora há menos jogadores exportados com menos de 18 anos do que anos atrás. As comissões técnicas passam por modelos de gestão mais progressistas, embora o São Paulo ainda insista em recorrer em alguns erros das antigas. Palmeiras, Atlético MG, São Paulo e Grêmio não vão para a Libertadores à toa.
Temos que parar de fazer com que os presidentes sejam eleitos apenas com aquela galerinha que frequenta o bar da piscina nos fins de semana. O Bonsucesso, o Olaria e o América sabem bem as consequências disso e os “grandes cariocas” serão a bola da vez se não abrirem o olho agora mesmo. É preciso dar mais do que meia entrada para quem entra e faz parte das iniciativas de sócios-torcedores. Eles é que compram camisas, vão aos estádios (e pagando) e são o que valorizam o time. Muito mais do que fazem as organizadas, que em troca de votos, ganham as cervejas dos churrascos, entrada 0800 nos jogos e mais meia dúzia de benefícios.
Os escândalos da FIFA só agora chegaram a respingar no Ricardo Teixeira e se o fio for puxado, provavelmente muita lama há de correr em todos os rios deste país que respira futebol. Mas o que fica nas cabeças e corações dos torcedores que já andam com o auto-estima lá embaixo desde a reforma do Maracanã, que ao trocar a mística pelo conforto, o descaracterizou, deixando a um status de “apenas mais um” e não o maior do mundo. Fora isso, ficam apenas as zoações locais de vem em quando e quem mais cai na gargalhada de todos nós, são os nossos maiores rivais. A maior torcida do mundo é a arco-íris sim e fica além dos limites do nosso estado.