Acabou a agonia.
Depois de 38 rodadas em que fomos do purgatório (o céu seria se fosse na série A) ao inferno, o alívio veio com contornos de drama.
Mas convenhamos: a história do nosso clube não nos permite sair do Maracanã hoje com gosto de um título conquistado.
Friamente: nos classificamos ganhando na última rodada, contra um time que nada tinha de motivação a não ser entrar para história como o clube que impediu a volta de um gigante à elite, e ainda saímos perdendo e jogando um primeiro tempo para esquecer. No fim, a virada em 4 minutos, com uns 7 ou 8 minutos de algum bom futebol e depois agonia até o fim para não tomar o empate. Isso tudo para voltar em terceiro lugar…
Por pouco não aumentamos a nossa vergonha nos classificando devido a um resultado improvável do Oeste contra o Náutico, como se os outros se preocupassem mais com isso que nós mesmos…
Desculpem-me, mas eu sou vascaíno desde os anos 70. Acostumei-me a outra situação. Cresci ouvindo maravilhas do meu pai que viu de perto o grande Expresso da Vitória. Tive o prazer de ver times espetaculares nos anos 70, 80 e 90. Tudo isso que aconteceu hoje para mim é muito estranho…
Por mais que seja a terceira vez, eu me nego a acostumar-me com isso. Sempre vou me sentir um estranho na série B.
Não encaro isso como falta de humildade, mas sim como um reconhecimento aos fatos. Nossa história nos tornou gigantes e o que temos passado nesse século XXI é um completo absurdo.
Muitos dizem que nos apequenamos tanto que hoje não passamos de um time mediano. É bem difícil rebater esses argumentos…
Então eu peço desculpas àqueles que estão felizes hoje, mas o meu sentimento é o mesmo de quem passa de ano na “bacia das almas”, tirando nota 6 em uma prova final, depois de uma ajuda providencial de alguma cola escondida que o Professor não percebeu, para passar com o mínimo necessário e ser aprovado.
Nada há razão a comemorar.
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O jogo? Sinceramente muito pouco a falar…
Um primeiro tempo de doer os olhos e no segundo, uns 7 ou 8 minutos de bom futebol, o suficiente para virar o jogo e… nada mais!
Resumiu bem o que foi nossa agonia nesse ano.
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Mais uma vez a torcida fez a diferença. Mais de 56 mil pessoas para ver essa mulambada com a nossa camisa.
MUITO obrigado a todos vocês que, como eu, foram ao Maracanã. Mostramos mais uma vez a nossa diferença. Da mesma forma que em 2014, apoiamos durante o jogo e vaiamos no fim. Apoiamos a instituição Club de Regatas Vasco da Gama e vaiamos as porcarias que vestiam a nossa camisa.
Isso é ser Vasco. Nada mais. Faço parte do maior patrimônio de nosso clube: a nossa torcida.
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Preciso fazer uma menção honrosa ao garoto Thalles. No meio da mediocridade geral que foi o Vasco nesse segundo turno, ao menos parece que encontro novamente o caminho do gol.
Nas últimas cinco partidas, marcou quatro gols, inclusive os dois de hoje que nos trouxe de volta à elite.
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Não é hora ainda de falarmos de política. Vamos deixar a poeira baixar e a nossa pressão sanguínea diminuir.
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Faltam 46 pontos para 2018…