Segundo um dos dicionários brasileiros, a definição de carência é “s.f. Necessidade de alguma coisa básica; falta, privação: carência de alimentação. Figurado: Necessidade emocional, afetiva e/ou sentimental: carência de carinho”
Carência aguda é o que boa parte da torcida vascaína tem passado nos últimos anos. Quem nasceu até o final da década de 80/início da de 90, se acostumou a ver um Vasco grande, o Gigante da Colina, o Time da Virada (sim, com iniciais maiúsculas!). Com alguns clarões em anos de fila, mas sem perder a majestade jamais.
Sou de 85, lembro do meu pai gritando tri-carioca (92/93/94), lembro do espetacular elenco de 97 e dos planteis que vieram nos anos seguintes. O centenário coroado com a Libertadores, a histórica virada contra o Palmeiras na Mercosul. Lembro também do tanto de esperança que a torcida tinha em ver um grande ídolo como presidente, já no início de um período obscuro do clube…
E lá veio o grande salvador da pátria! Perdoado por boa parte dos vascaínos na primeira queda do clube à série B, pois alegava ter recebido uma herança maldita e jurava cuidar decentemente da instituição a partir dali. A coisa foi caminhando, parecia haver planejamento mesmo – apesar de algumas posturas pífias do clube em relação às federações carioca e brasileira de futebol – até entrarmos num estado de quase abandono novamente.
E olhe, digo uma coisa: a torcida vascaína é heroína na mesma proporção que é mulher de malandro. Sofre, chora, se irrita, briga, mas não larga o time. Parece aquelas crises de casal que a pessoa pega as roupas, diz que vai embora aos prantos mas sempre volta no outro dia, morta de amor e saudade.
Eis que surge a pseudo volta do respeito. Ou a volta do pseudo respeito, como preferirem. Um retrovisor é colocado diante da torcida, relembrando – obviamente – só as glórias do passado recente. Nenhuma crise é relembrada, nenhum desmando, nenhum processo, enfim, só floreios! Alguns torcedores – já de corações maltrapilhos – estão se jogando nessa onda. Os mais novinhos acham que só tem Vasco grande se tiver essa presidência que voltou, e eu não os culpo, afinal futebol é feito de resultados e a maior parte da torcida só se liga no futebol (profissional masculino), infelizmente.
Então, veio o título do carioca, coisa que a gente não via desde 2003 (e a imprensa não cansou de martelar isso no nosso juízo!!) e o fervor da torcida foi a mil! Berros e mais berros de “o respeito voltou”, os mais animados já falando em título do brasileiro. Ah, torcida carente! Tão carente que quase fez do Bernardo ídolo…rs Aí vem o choque de realidade: três empates seguidos, com atuações muito duvidosas, contra três times de menor expressão (com todo respeito aos clubes e aos torcedores, mas é a verdade).
Festejei o carioca e festejaria novamente, quero o Vasco grande, mas não acho esse elenco bom o suficiente pra um campeonato de pontos corridos. Só que como eu não trabalho com previsões e mandingas, claro que passarei o ano inteiro torcendo (e tendo raiva desses empatezinhos de uma figa!), com pé no chão e bandeira na mão!
Perdão pelo longo primeiro texto aqui no Panorama! Experiência nova e desafiadora, pretendo dividir sentimentos (que não podem parar) com vocês todas as terças.
Saudações Cruzmaltinas!
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