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Vasco 0 x 0 Joinville no Maracanã, mais de 40 mil pessoas às onze da manhã.
Imediatamente após o jogo, torpor, angústia e, claro, as manchetes funéreas: quanto tempo falta para cair? Se não deu dessa vez, é melhor desistir.
Já caiu.
Só falta enterrar.
Décimo nono colocado, 13 pontos, saldo negativo de 21 gols, sem vencer há sete rodadas: o último triunfo foi sobre o Avaí, dia 01 de julho em São Januário, por 1 a 0.
O Vasco está exatamente a sete pontos do Avaí, primeiro time fora da famigerada zona de rebaixamento.
Restam 21 jogos para o fim do campeonato brasileiro de 2015.
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Há seis anos e quatro dias, outro time ocupava os noticiários de morte da imprensa esportiva.
Depois de vencer o Sport por 5 a 1 no Maracanã, o Fluminense chegava aos 14 pontos no campeonato brasileiro daquele ano. E saía da lanterna da competição.
Estava há 11 jogos sem vencer.
Na vigésima-terceira rodada, o Flu só tinha três vitórias e o time estava na última colocação. Só deixou a zona de rebaixamento na rodada 37.
Para se salvar do rebaixamento, o Tricolor saltou de 14 pontos na 17ª rodada para 46 na 38ª. Nos últimos sete jogos, disputando 21 pontos, conseguindo 19 com seis vitórias e um empate.
Algo que nunca tinha acontecido antes e que não voltou a acontecer até aqui. Mas pode acontecer no futuro, inclusive breve.
Muito difícil. Só não é impossível.
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Por mais que os vascaínos estejam naturalmente preocupados com tudo que acontece agora, é importante dizer algumas coisas a respeito daquele Fluminense de 2009:
– a contratação de Cuca, que provocou a grande reação, já tinha o objetivo de trabalhar o time na série B, tanto que o profissional teve carta branca para afastar medalhões e promover jovens, fazendo uma mescla;
– um afamado jogador chegou a dizer que não jogaria de jeito nenhum na segunda divisão e que queria ser negociado; ao ser avisado por um dirigente que bastaria pagar seus direitos federativos e dar o fora, recuou e foi peça importante na salvação;
– a sequência de bons resultados e as manchetes derrotistas formaram um excelente combustível de incentivo para a equipe;
– ingressos a R$ 5,00, receita para 60 mil tricolores ocuparem o Maracanã na maioria dos jogos até a batalha final;
– atuação da patrocinadora junto à torcida para uma grande união em prol do clube.
– uma solitária faixa na arquibancada: “Lutem até o fim”.
E pronto: o impossível aconteceu.
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Depois daqueles 5 a 1, o Fluminense ficou mais ONZE jogos sem vencer, tanto pelo Brasileiro quanto pela Sulamericana. Chegou à final da competição continental e se safou na última rodada com um empate diante do Coritiba, em pleno Couto Pereira que abrigou uma quase tragédia a seguir.
Como se viu, o impossível é algo bastante relativo em se tratando de futebol.
A situação do Vasco é deveras complicada. Mas não é pior do que a do Fluminense de 2009. O Vasco não tem onze jogos sem vitória a partir de hoje – e provavelmente não terá, por mais que tudo pareça difícil.
O tempo vai dizer se as manchetes de 2015 são tão confiáveis quanto as de 2009.
Queiram desculpar se me meti nas coisas de São Januário, mas acho que a experiência de quem viveu um massacre na pele pode ser útil para esta casa.